Roswitha Schleicher-Schwarz
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Já imagino os meus leitores a suspirar ou a revirar
os olhos, não tanto por causa do tema, mas porque sabem que tenho por hábito
escrever textos longos.
Não quero ofender ninguém, todavia não dá para
agradar a gregos e a troianos.
Observo diariamente as pessoas, desde as que vejo
todos os dias às que passam por mim na rua e que nunca mais verei. Reparo nas atitudes
e opino interiormente sobre tudo.
Estou certa de que, se alguém ler isto, irá concordar
comigo em tudo, no entanto chegará à rua e, ao cruzar-se com alguém de quem não
gosta, vai sorrir para essa pessoa enquanto por dentro a estará a amaldiçoar,
mas saberá que a pessoa em questão fará o mesmo.
Vejo-me como alguém frontal, que não é hipócrita,
contudo, com o passar do tempo, é possível que me torne como todos os outros
porque está no nosso ADN tentar agradar.
Na rua vemos constantemente pessoas a mendigar quer
para comer, quer para outros fins. Em alguns casos, o desespero é de tal ordem
que chegam mesmo a pedir um cigarro. No entanto, terem sempre o mesmo discurso:
“Não tenho trocos!”, ou “Desculpe, mas não fumo” quando é mentira, pois ou se
dirigem a um café ou é percetível o cheiro a tabaco.
A rotina de toda a população mundial deve ser
acordar, vestir, tomar o pequeno-almoço e, enquanto lava os dentes e penteia o
cabelo, repetir: “Se te pedirem dinheiro, estás liso; se encontrares fulano
sorri e faz aquelas perguntas; se vires sicrano está tudo muito bem, apesar de
andares com problemas em casa e a tua vida profissional estar a degradar-se.
Ah! Não te esqueças de fazer aquela cara de quem vive num paraíso enquanto
viras costas ao teu pior inimigo e te preparas para falar mal dele a toda
agente.”.
Ao escrever este texto, apercebi-me que tenho um
grave problema: não sei ser falsa. O que me vem à cabeça está na boca, o que,
na opinião de pessoas com mais experiência com esta maneira de ser, significa
que não sei viver (o que quer dizer que não sou hipócrita, mas com um
vocabulário mais cuidado, para não ofender a quem lhe serve a carapuça).
Carolina Vasconcelos, 9º C
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