Eu não sei falar muito bem português, mas quero aprender

Joan Miró
Tem, hoje, mais de 988 096 994 visualizações no YouTube e parece ter contagiado as emissoras de rádio portuguesas. Refiro-me à interpretação de “Corázon” de Maluna, pseudónimo do cantor e compositor colombiano Juan Luis Arias, em parceria com Leno Maycon Viana Gomes, conhecido pelo nome artístico Nego do Borel e proeminente no Funk brasileiro. Lá pelo meio, o cantor colombiano confessa Eu não sei falar muito bem português e promete mas quero aprender.

Este facto, porém, deve ser contextualizado e, muito provavelmente, relativizado, pois, se cada um de nós tem no bolso um smartphone, a frase, bem simpática e lisonjeira para qualquer falante de português por parte do cantor, pode ter origem na pesquisa de voz do Google minutos antes das gravações.

No mundo globalizado em que vivemos, há, entretanto, cada vez mais intercâmbio de ideias entre falantes e, consequentemente, mais curiosidade pelo outro e, como ser outro é qualquer coisa de novo, vivemos um tempo de encontro e reencontro de culturas.

De facto, na mesma medida em que somamos os termos CEO, start up, players ao nosso discurso por provincianismo indolente e tenhamos de ter skills para lidar com toda esta novidade e presteza, devemos ter a noção de que o português de Portugal e o português falado nos países africanos, em Timor-Leste e no Brasil formam um idioma com uma enorme dimensão cultural, à medida da grandeza dos artistas e escritores que a projetaram e também será motivo de interesse, procura e descoberta para outros.

Por isso, saibamos ter a consciência de que somos do tamanho do que vemos, parafraseando Alberto Caeiro, e não tenhamos medos nem preconceitos que nos ofusquem o sonho do futuro.  

José Oliveira
(Coordenador de Departamento de Língua Materna e Francês)

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