Joan Miró
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Tem, hoje, mais de
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e parece ter contagiado as emissoras de rádio portuguesas. Refiro-me à
interpretação de “Corázon” de Maluna, pseudónimo do cantor e compositor
colombiano Juan Luis Arias, em parceria com Leno Maycon Viana Gomes, conhecido pelo nome artístico Nego
do Borel e proeminente no Funk brasileiro. Lá pelo meio, o cantor colombiano
confessa Eu não sei falar muito
bem português e promete mas quero
aprender.
Este facto, porém, deve ser contextualizado e,
muito provavelmente, relativizado, pois, se cada um de nós tem no bolso um
smartphone, a frase, bem simpática e lisonjeira para qualquer falante de
português por parte do cantor, pode ter origem na pesquisa de voz do Google
minutos antes das gravações.
No mundo globalizado
em que vivemos, há, entretanto, cada vez mais intercâmbio de ideias entre
falantes e, consequentemente, mais curiosidade pelo outro e, como ser outro é
qualquer coisa de novo, vivemos um tempo de encontro e reencontro de culturas.
De facto, na mesma
medida em que somamos os termos CEO, start up, players ao
nosso discurso por provincianismo indolente e tenhamos de ter skills para lidar com toda esta novidade
e presteza, devemos ter a noção de que o
português de Portugal e o português falado nos países africanos, em Timor-Leste
e no Brasil formam um idioma com uma enorme dimensão cultural, à medida da
grandeza dos artistas e escritores que a projetaram e também será motivo de
interesse, procura e descoberta para outros.
Por isso, saibamos
ter a consciência de que somos do tamanho do que vemos, parafraseando Alberto
Caeiro, e não tenhamos medos nem preconceitos que nos ofusquem o sonho do
futuro.
(Coordenador de Departamento de Língua Materna e Francês)
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